COOPAVEL ALIMENTOS

22 de dezembro de 2009

EM TERRA DE CASCAVEL QUATI "NÃO" TEM VEZ

Um nasua nasua da cauda anelada e de nariz pontudo andou metendo o nariz e a cauda na árvore da minha casa. E sem cerimônia, talvez por receito ou quem sabe por aconchego resolveu fixar ali residência para a alegria de dezenas de crianças e a curiosidade dos adultos. Por sinal, é bem típico dos nasua dormir no alto de arvores, onde se enrolam e só descem ao amanhecer. E para quem não sabe o que é um nasua nasua, eu explico: trata-se de um Quati (do Tupi “nariz pontudo”). Mamífero carnívoro da família Procyonidea e gênero Nasua, que habita as Américas desde o Arizona (EUA) até a Argentina, mas especialmente comum nestas paragens do Oeste Paranaense.


A DANÇA DO QUATI I
Não é de hoje que a cidade de Cascavel carece de um centro de Zoonoeses. Este centro seria providencial para recolher e dar destinação para animais domésticos, especialmente cães abandonados que multiplicam-se sem controle pelas ruas da cidade e que são o maior motivo para reclamações junto ao Corpo de Bombeiros na cidade. Serviria também para controlar, recolher e salvar animais silvestres que não raramente aparecem em logradouros públicos e residências. O correto seria esperar que o Ibama fizesse o serviço de recolher animais silvestres, eventualmente perdidos no meio urbano mas, ligar para quem no Ibama? Qual o telefone para emergência do órgão federal? A única coisa que se tem noticia é de que é um órgão especializado em multar qualquer um que meta a mão em animal silvestre, nem que seja para ajudar.

A SAGA DO QUATI II
No último sábado, um Quati da cauda anelada, montou acampamento da arvores da minha casa no Jardim Santo Antonio, entre a FAG e a Univel. Por lá passou três longos dias, após fugir de cães e populares curiosos e em seu desengonçado trotar, alcançar a referida arvore, após haver se debatido numa cerca elétrica. Para a curiosidade e o desapontamento geral dos populares e moradores, descobrimos que a cidade não tem um sistema eficiente, como um centro de Zoonoses para tratar deste tipo de ocorrência. A primeira reação foi ligar para os sempre solícitos membros do Corpo de Bombeiros. Estes chegaram a mandar uma viatura para averiguar o risco, mesmo não sendo área deles. Um oficial protestou por telefone: “é um absurdo o que registramos de reclamações, especialmente de cachorros, que às vezes recolhemos, mas não temos onde deixar por falta de um Centro de Zoonoses. Mas um Quati? Este é novo. Deve ser caso para o Ibama”, exclamou sem saber informar o telefone do órgão. Com o passar do tempo, como o animal não descia da árvore para se alimentar o recurso foi ligar para a Secretaria de Meio Ambiente, onde o Secretário Luiz Carlos Marcon, mostrando-se sensível ao risco duplo que representava um animal silvestre fora de seu habitat, tanto para ele como para populares, decidiu mandar uma equipe da Secretaria e do Zoológico para capturar o Quati.


A DANÇA DO QUATI III
Para encurtar a história, que pretende deixar registrada a necessidade de que a Secretaria de Meio Ambiente assuma o comando para viabilizar uma Centro de Zoonoses o mais breve possível e assuma a função que deveria ser atendida pelo Ibama é preciso ainda relatar o baile que o Quati deu em todo mundo. Uma correria para os técnicos do Zoológico, que munidos de puçá e luvas, correram bastante para tirar da arvore, correram pelas imediações e só foram capturar o animal dentro da residência deste jornalista, pendurado em uma cortina, após ficar acuado pela Maysa (uma corajosa Lhasa Apso de 08 anos) e pela feroz Puka (uma pequinês que recentemente ficou mais de 13 dias raptada de nosso convívio), o narigudo acabou capturado a unha pela minha eficiente esposa, Gicele Dias, preocupada com os filhos, com a cortina e a integridade física do nosso amiginho furão.


AGRADECIMENTOS
Fica registrado o agradecimento e reconhecimento pela eficiência da Secretaria de Meio Ambiente, que meteu o “Quati”, ou melhor, o nariz grande no serviço do Ibama e resolveu a questão. Pelo carinho dos técnicos do Zoo, especialmente animados com a captura por tratar-se de um macho que poderá formar casal com outras fêmeas da espécie e pela garotada do bairro que fez de tudo para salvaguardar a saúde do animal, inclusive tentando fornecer alimento. A lamentar mais uma vez a falta de um Centro de Zoonoses lembrando que em 2001 a cidade chegou a ter cerca de R$ 750 mil destinados pelo governo federal para construção do indispensável órgão. Uma cidade com mais de 300 mil habitantes e talvez idêntica população de animais domésticos, não ter um Centro de Zoonoses é sinônimo de baixa qualidade de vida.

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