COOPAVEL ALIMENTOS

22 de agosto de 2009

A ARTE DE DAR NÓS

Diferentes laços falam de política e amor

Brizola Neto em evento do PDT no Rio de Janeiro no mês passado (observe no detalhe a cor do lenço)
Leonel de Moura Brizola e a esposa Neusa (Observem o detalhe do lenço encarnado e o símbolo do PDT).

DINTINGUA O POLÍTICO PELA COR DO LENÇO
Pela cor do lenço se identificava a corrente política do gaúcho: se vermelho, maragato; se branco, chimango ou pica-pau. Isso começou em 1893, início da fase republicana, durante a Revolução Federalista, e ainda tem resquícios no PDT, partido de Leonel Brizola, que até hoje adota o lenço vermelho. Os maragatos resistiam ao excessivo controle exercido pelo poder central e queriam garantir o sistema federativo, em que os Estados tivessem maior autonomia.
Maragato
Os republicanos legalistas, da política antagônica, eram os defensores do governo e apelidaram os revolucionários pejorativamente de maragatos, insinuando a identidade estrangeira dos revoltosos federalistas que vinham do exílio no Uruguai e entravam no Rio Grande do Sul à frente de um exército.Isso porque no Uruguai o termo maragato nominava os descendentes de imigrantes espanhóis oriundos da Maragateria, na província de León, onde eram tidos como ciganos. (A esquerda o tradicional nó Gaúcho. A direita o nó correto e mais usado pelos Maragatos).

Trança
O apelido, embora dado pelos inimigos políticos, acabou sendo adotado com orgulho pelos próprios rebeldes, que por sua vez nomearam os governistas de chimango (ou ximango), ave de rapina parecida com o carcará, ou pica-pau, cujas listras do topete são brancas, cor das divisas que os republicanos usavam nos chapéus.


Cabeça Zebú
Anos depois, na Revolução Rio-Grandense de 1923, maragatos eram os adeptos do Partido Libertador, liderado por Assis Brasil, contrário ao Partido Republicano do governador Borges de Medeiros. Independentemente da briga política, se vermelho ou branco, para usar os lenços, é preciso saber dar os nós. E, nessa arte, o velho maragato Nelson Osório é professor.


Domandor
Ao todo, ele enumera oito diferentes maneiras de atar o lenço. O mais conhecido e usado é o nó gaúcho, preferido do chimango Borges de Medeiros. No contraponto, o nó maragato, que se tornou popular com o nome de rapadura (nó de quatro, igual à rústica embalagem da rapadura feita com tiras de palha de milho).

Enforcador
O nó trança é uma derivação do maragato. O cabeça de zebu deixa o lenço com três pontas. O domador chama muito a atenção pois, dependendo de que lado fica a ponta significa que o rapaz é comprometido ou está querendo "arranjar um namoro".


Pacholento
O enforcador leva dois pequenos nós, que se juntam se puxados numa "peleia". O nó pacholento, ou pachola, de dois nós, costuma ser usado pelos canhotos. E o nó republicano, com dois elos e duas pontas, é o mais famoso de todos.

Republicano
"De cada 1.000 tradicionalistas, um sabe dar esse nó", diz ele - em rodas nos Centros de Tradição Gaúcha ou em rodeios no Estado, é comum a disputa para saber quem sabe dar maior número de nós. Mas, se existe o nó maragato, não deveria haver também o nó chimango? Ironizando, o velho Osório responde: basta fazer o nó gaúcho e virar o lenço ao contrário, o que daria um gaúcho vira-casaca, às avessas.

FONTE: Editora Globo (Globo Rural)

3 comentários:

  1. Caro Maleski:
    Como gaúcho sinto-me agradecido e envaidecido pela aula de cultura pampeana..
    Agora, quanto ao uso, uns usam por convicção, outros por fantasia...

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  2. Maleski.

    O único tipo de nós que esses camaradas conhecem é o "NÓ CEGO".

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  3. Opa gostaria de aprender a fazer o nó "enforcador" e qual o sentido das pontas tem o significado de comprometido ou arranjar namoro.

    desde já agradeço.

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